segunda-feira, 13 de julho de 2009

O DESTINO DE EHLISIANN

RECANTO DAS ALMAS

Capítulo 0008

O que poderia acontecer de importante em lugar tão pequeno como Recanto das Almas? Em lugares assim, realmente não acontece qualquer coisa que pelo menos seja digno de nota. Tinha um pouco mais de mil habitantes. Em verdade, segundo os moradores que se preocupavam com o censo, mil duzentas e dezesseis pessoas ali habitavam, espalhadas pelo "centro" e pelos morros e arrabaldes vizinhos. Sempre houve uma boa distribuição de gente em seu espaço territoria, aumentando ainda mais a sensação de despovoamento. A vida seguia em seu marasmo, o que contagiava seus moradores, mas sem ser negativista.
Bem, talvez no "centro" da vila, onde umas cincoenta casas bem alinhadas e algum pequeno comércio, este estado de letargia era amenizado; talvez quando aconteciam as festas na igreja ou com o falecimento de alguma figura mais imprtante do lugar fornecessem matéria para as senhoras "puxarem" conversa; talvez a visita de algum político influente da capital viesse com promessas que nunca seriam cumpridas, mas deixando as pessoas simples com esperanças; talvez um acontecimento fortuito, como secas ou enchentes, que seriam o diferencial proporcionado pela natureza. Em qualquer uma destas situações, aquele lugar se diferenciava, e havia razões de sobra para fazer e comentar fatos diferentes.
Para um lugar que começara com um loteamento na década de 30, já estava muito bom. Por esta época, os governantes resolveram doar glebas de terra para assentamento em um lugar de difícil acesso e muito montanhoso. Aliás, naquela época não havia a figura dos sem terra mas sim a dos sem trabalho. Já se sabia que os colonos, assim que se estabeleciam, mesmo que precariamente, iniciavam o plantio e as construções, mesmo sem praticamente ajuda alguma do governo.
Ora, assim que foi anunciada a medida, acorreram à junta de distribuição de terras os Ferrini, os Carmona, os Batchiavo, os Argenti, os Muller, os Dhaller, os Fisher, os Silva, os Cordeiro, os Correa, enfim agricultores que já eram acostumados com a lida do interior mas necessitavam de terras para plantar e sobreviver. Eles eram provenientes de cidades próximas diríamos, "desenvolvidas" e que possuíam sua área rural estabelecida e dominadas por uma agricultura de fazendeiros com um certo poder. Por isso, cerca de 50 famílias atenderam esta oferta governamental.
Essa mescla de italianos, alemães, brasileiros e mais algumas nacionalidades é que fazia com que Recanto das Almas "prosperasse" ou pelo menos não fosse abandonada desde seu início. Cincoenta anos depois de seu início como vila, apresentava ainda as características básicas de seus fundadores, com festas as mais variadas, uma culinária diversificada e uma disposição para o trabalho sempre constante.
Mas os tempos eram outros e a vida seguia seu destino. As necessidades modernas se faziam clamar para aquelas pessoas: estrada, telefone, escola, hospital e até polícia já se pensava em pedir aos políticos.
Mas o principal era o acesso rodoviário. O antigo caminho que o governo executara lá pela década de 30 fora melhorado pouco a pouco, mas ainda era muito precário. Em dias de chuva, intransitável; em dias de sol, a poeira era terrível. Político que se prezasse e quizesse ganhar uns votinhos do povo, tinha que prometer o calçamento ou o "asfalto".
Recanto das Almas seguia se destino. Sonhando. Mas no fundo era feliz.

Depois eu volto.

sábado, 11 de julho de 2009

O DESTINO DE EHLISIANN

UM DIA QUASE IGUAL AOS OUTROS



Capítulo 0007



Mas a vida continuava e decorreram dois dias. Ehlisiann, em casa, pensava no vendedor e na vida que ele provavelmente levava. Afinal, a cidade dele era diferente, muito diferente. As pessoas eram outras, as coisas, as situações e movimentos eram distintos. E foi com estas idéias em sua mente que ela dirigiu-se ao centro. Em sua pequena "cidade", esta denominação era dada ao conjunto de cinco ou seis ruas, umas cinquenta casas e que distavam cerca de 2km do sítio dos Dhaller de Cordeiro. Para chegar lá, ela atrelava o cavalo na "aranha" ou ia a pé.

Isto era para ela uma alegria. Tinha todo o tempo do mundo e sair da rotina era muito bom. Chegou por volta das dez horas.

- Olá, seu Marquinhos!

O seu Marquinhos era o proprietário da única mercearia de Recanto das Almas. Pessoa muito "dada", como todo bom comerciante. Estabelecera-se em Recanto das Almas havia alguns anos, vindo com uma pequena experiência de comércio na capital. Na verdade, era uma situação que seu médico havia recomendado, para aliviar o estresse de uma vida muito corrida. E assim ele tocava tranquilamente seu negócio. Ora, em um lugar no qual a maioria das pessoas era de uma honestidade a toda prova, tudo andava bem. Era um homem bem humorado e confindente de notícias caseiras.

- Tudo bem, Ehlisiann, respondeu ele.

- Seu Marquinhos, hoje eu vim de aranha, porque a mãe encomendou algumas coisas. O senhor pode marcar no caderno, que no fim do mês ela acerta tudo. Tá bom?

- Sem problema algum, respondeu ele.

Recolheu as mercadorias, despediu-se e saiu conduzindo a aranha. Seguiu na direção rua acima, aonde ficavam a farmácia e a igreja. Foi então que notou, estacionado em frente da farmácia, um carro com placa "de fora". Na verdade, era da capital. Parou a aranha e ficou observando por um momento. E quem se aproximou do carro logo a seguir era ele, o vendedor que estivera em sua casa. Ao passar ao lado do veiculo, ele a cumprimentou:
-Bom dia, senhorita!
Para ela naturalmente, foi uma pequena surpresa. Em um lugar tão pequeno, receber um cumprimento de uma pessoas estranha não era comum. Mas ela notou que ele a havia reconhecido de seu primeiro contato. Ou então assim pensava.
- Bom dia, moço. Como vão os negócios?
- Pois olha, estou até surpreso aqui em Recanto das Almas. As pessoas são acolhedoras e é possível vender minhas utilidades. Aliás, é até possível que eu tenha de voltar. Estou te reconhecendo, és a garota que mora naquela fazenda, onde estive há dois dias, certo? Me perdoa se esqueci do teu nome. O meu é Alberto Morais de Gianni, mais todos me chamam de Morais.
A conversa dele tinha sido direta.
Ela então não se fez de rogada. Foi dizendo: Ehlisiann Dhaller de Cordeiro, me tratam por Lisa. Era da parte dela, um morador daquele lugar, uma atitude ousada o fato de manter este diálogo com um estranho.
- O senhor vai voltar para a cidade hoje?, perguntou.
- O dever me chama, disse ele. Mas qualquer dia eu volto.
- Então, tchau, disse ela, tocando a aranha. Até mais ver.
- Tchau, disse ele. Tudo de bom prá ti.
E ela tomou o caminho da fazenda. Este não tinha sido, para ela, decididamente, um dia igual aos outros.

Depois eu volto.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O DESTINO DE EHLISIANN

ALGUÉM DIFERENTE

Capítulo 0006

Dá para imaginar o que se passa em uma moça do interior ao entrar em contato com um estranho, ainda mais sendo "da cidade". É claro que o nervosismo vem em primeiro lugar e a seguir a curiosidade. Ehlisiann era acima de tudo uma garota "esperta".
- Como você se chama?, perguntou ele. Era uma abordagem rápida, de maneira direta, ignorando momentaneamente a presença de dona Lane, que poderia ter causado um "frisson"em outra pessoa que não fosse Ehlisiann. Acontece que até parecia ter ela se preparado há tempos para um encontro assim.
- Ehlisiann, respondeu, sem tirar os olhos do rapaz.
Não era ainda propriamente um diálogo. Mas da maneira informal como estava sendo, sem apresentações, poderia ser o prenúncio de algo diferente.
- A moça não quer escolher um perfume? Talvez um presente para alguém mais conhecido? Estou em sua casa para alegria da família. Podemos fazer um crediário, um preço justo. A nossa empresa gosta de atender todos da maneira mais correta possível, podem crer.
O moço ao falar comportava-se de maneira cordial, sem agredir ou oferecer com muidto empenho seus produtos: roupas, perfumes, bijuterias, porta-retratos, brindes os mais variados, etc. Era com se a profissão dele fosse apenas temporária e ele estivesse invadindo o dia-a-dia das pessoas. Dirigia-se a ela sem baixar os olhos, como uma maneira de dizer que estava sentindo-se em companhia agradável naquele ambiente. E foi assim que ele contou um pouco de sua história: porque se tornara um vendedor, sua esperança na evolução da empresa, o gosto que tinha por coisas do interior. Era como se afirmasse: estou apresentado.
Ehlisiann ouviu aquilo interessada. Afinal, era uma ocasião rara de escutar alguém de idéias nova, de um lugar mais distante e progressista.
Depois que ele terminou seu colóquio, ela pediu licença e escolheu coisas simples para comprar: uma blusa, dois porta-retratos, e um jogo de louças. Não mais que isso ela necessitava para o seu cotidiano. Dizendo bom dia, alegou que possuía tarefas para fazer naquela manhã, retirou-se não sem antes olhar com atenção para o estranho.


Depois eu volto.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O DESTINO DE EHLISIANN

UM ENCONTRO CASUAL



Capítulo 0005



Por aquelas bandas realizar uma viagem era difícil e caro. Dinheiro, havia pouco. As distâncias eram longas e na verdades longas demais para os padrões daquelas pessoas simples. Os meios de transporte eram inadequados.

Mas nada disso impedia que Ehlisiann pensasse que um dia, talvez, pudesse "sair de casa". Para ela, seus pensamentos estavam prestes a se tornarem realidade. Para alguém que estava sempre à frente de seu lugar, ainda não sabia que os acontecimentos a ajudariam neste afã. Um dia iria acontecer, e aconteceu.

- Ehlisiann, vem cá, chamou a mãe!

- A senhora Lannelva Dhaller, a dona Lane, chamou a filha mais uma vez naquele dia. Sabia do bom comportamento da filha e do pronto atendimento. Para uma pessoa nascida e criada naquele pequeno mundo, ter uma filha obediente era o normal. Os pais, em sua maioria, punham a "mão no fogo" pelos filhos. E assim era com Ehlisiann. Namorado para ela, bem, dona Lane achava que ainda não estava na hora, apesar de seus dezenove anos. De qualquer maneira, Ehlisiann cumpria as tarefas diárias com satisfação e ajuda sobremaneira na manutencão da propriedade e na educação dos irmãos menores.

- Já vou, mãe!, respondeu ela. Falou em voz baixa, e seu pronto atendimento era uma marca registrada. Chegou rápido, entrando na cozinha pela porta dos fundos, e adentrou a sala.

Sentou e falou: pois é mãe, vamos ter que arrumar mais água para os canteiros. Está ficando difícil deixar tudo verdinho. Alguma coisa prá mim?

- Minha menina (dona Lane gostava de chamá-la assim, achava que ela era ainda uma menina), hoje é um dia diferente. Estamos recebendo a visita de um moço, que veio nos mostrar novidades da cidade. Como tu és muito prendada, pode escolher uma roupa bonita para ti.

O que dona Lane queria dizer com isto é que o seu presente para a filha seria dado de bom gosto, dentro de suas poucas possibilidades.

Foi só então que Ehlisiann o percebeu. Estava sentado em uma cadeira junto à mesa um moço um pouco diferente daqueles que ela conhecia. Já havia percebido de antemão que era um moço da cidade: pela postura, cabelo bem cortado, mãos finas. Era um vendedor.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O DESTINO DE EHLISIANN

VIVENDO NA FAZENDA

Capítulo 0004

Denominar a propriedade dos Dhaller de Cordeiro era um exagero. Eram apenas dez hectares de terra, incluindo aí as partes mais altas, aonde só era possível manter um pouco de floresta nativa para que não faltasse lenha para o fogão. A água, vinha de um poço a trinta metros da casa, para evitar qualquer problema. Se faltasse, havia sempre a cooperação dos vizinhos. Mantinham cerca de dez chiqueiros, cinco vacas leiteiras e plantavam algum milho e muitas "verduras" nas hortas. Viviam da venda dos mesmos e na mesa deles sempre havia o suficiente para o consumo da família. Era uma luta diária: colher, adubar, tirar leite, colocar no vasilhame, levar para a feira ou vendê-lo para os maiores proprietários. Ao final, era tudo revendido para lugares maiores e bem mais distantes.
Ora, quem se "cria" em um ambiente assim, estará automáticamente condicionado para a sua vida de poucas opções. Mas os grandes mestres da moderna psicologia de auto-ajuda sabem e recomendam que a maneira mais correta de evolução pessoal é pensar positivo. É coerente afirmar-se que os "bons fluidos"emanados de uma pessoa atraem fatos e coisas boas para o seu dia-a-dia e também para quem dela se acerca.
Para aquela jovem do interior, que não possuía a menor noção sobre filosofia de vida, que vivia de uma maneira simples e lutadora em uma fazendola, mas que praticava ao natural um espírito positivista, o futuro promissor haveria de vir de forma inesperada. Isto é tudo que alguém pode desejar e certamente acontecerá, se o buscou mentalmente durante o tempo todo, de maneira natural ou programada.

Depois eu volto.

sábado, 27 de junho de 2009

O DESTINO DE EHLISIANN

Capítulo 0003

DE ONDE VIM E PARA ONDE VOU?

O nosso destino é praticamente traçado desde o nosso nascimento. Isto naturalmente em linhas gerais. Nós poderemos mudá-lo, parcialmente, se houver por parte de nós um pouco de força de vontade. Tudo bem. Não afirmei nada de mais.
Pois bem. Aqui nós estamos contando um conto, uma história.
Hoje, depois de tudo que sucedeu, é bem mais fácil analisar o porquê dos fatos.
Quando se comenta a História, seja por épocas curtas ou longas, a vida de cada um dos que se destacaram nas ciência as mais variadas, fica fácil comentar e mudar o rumo dos acontecimentos. Como nunca se viveu o o dia-a-dia, é prático e fácil analisar: se fulano tivesse agido assim assado, tudo teria sido diferente, se determinado chefe de estado não houvesse participado da guerra, o mundo seria bem diferente, etc. etc. etc. Muito fácil depois que tudo aconteceu.
Voltemos aos detalhes da vida de Ehlisiann.
Nascida e criada em Recanto das Almas, um lugar "esquecido do mundo", jamis poderia esperar no futuro de sua vida grandes promessas. O destino a colocara "contra a parede", pois servia de amparo para seus pais e irmãos e a "luta pela sobrevivência"fazia parte de uma rotina inadiável e insubstituível como meio de "ganhar dignamente a vida".
Vivia e se comportava na vida "dançando conforme a música". Era uma rotina de lidas bastante trabalhosas? Era. Ela era de importância primordial para a sua família? Era. Poderia pensar que um dia qualquer, em um futuro lá longe, seu jeito de ver as coisas seria importante para isso? Sim e não. A vida era assim mesmo, muitas iguais a ela confirmavam isso, e fim de papo.
Mas pelo sim, pelo não, ela era como um esteio e esperança para toda a família. Sendo a primogênita, seus irmãos dependiam do que diretamente ela fizesse ou de suas atitudes. Não podia se dar ao luxo de errar. Tudo isto a colocava em uma situação ambígua: ou seguia o seu próprio destino ou destinava boa parte do seu tempo para que os seus almejassem uma melhor condição mais a frente.
De outro modo, o seu intelecto era a sua válvula de escape. Haveria de encontrar uma solução que agradasse a todos, significando para ela que na vastidão do mundo seu lugar estava reservado e seria dos melhores. O fato de sempre querer o melhor para si em conjunto para com os seus, era como uma construção contínua de uma aura bastante positiva.



Depois eu volto.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O DESTINO DE EHLISIANN

O DESTINO DE EHLISIANN

Capítulo 0002

Na verdade, a função de ser criativo é parte da capacidade humana e é nobilíssima. Pode nos tornar, ao menos internamente, livres e felizes. Mesmo que ao nosso derredor o mundo insista em seu rumo incerto e complicado.
Ehlisiann era uma pessoa assim. Sempre pensava e meditava como num conjunto. Esta atitude tornara-se para ela ao longo de poucos anos uma filosofia de vida. Gente como ela, que podia pedir ajuda dentro de si para as questões de sua vida, sendo complexas ou não, tem capacidade de discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, o tangível e o impossível e principalmente entre o alcançável e o seu próprio futuro.
Então estava ela ali parada, com o seu olhar divagando e a mente viajando. Seus pensamentos eram por demais abrangentes e longíquos. Indagava-se sobre a simplicidade de sua vida. Sem dúvida existiria um mundo multicolorido e bem mais complicado longe de seu vilarejo: a fértil natureza humana certamente havia se encarregado de construir e distribuir fatos e coisas completamente alheias a sua minúscula realidade.
O mundo exterior era imenso. Ela sabia. Grandes cidades em um movimento intenso. Obras grandiosas, vida que fervilhava ininterruptamente. Ela havia visto e lido em algumas revistas grande série de fatos, com muitas fotos de todos aqueles acontecimentos e muitas outras coisas que considerava como extraordinárias: os grandes feitos dos generais, atletas, pintores, escritores, escultores, governantes, etc... Enfim, tinha uma boa noção acerca das grandes obras de engenharia humana e da natureza profícua do universo. Sabia ela da existência de muitos, milhares de outros lugares: nações, costumes, mares, montanhas. A imaginação de Ehlisiann era fertilíssima.

Depois eu volto.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O DESTINO DE EHLISIANN



UMA HISTÓRIA QUASE REAL


Eu vou contar uma história que pode ser comparada com muitas outras. Em verdade todas as histórias se assemelham. Penso que a minha tem a ver com a realidade catarinense, no mínimo. Não é necessáriamente alegre ou triste ou então profundamente reflexiva. Mas qualquer conto atinge pelo menos algum de nós quando tratar dos detalhes da vida cotidiana, não há dúvida.
As pessoas comuns possuem no conjunto uma vida semelhante. Mas é claro que os grandes escritores e poetas e a poderosa mídia moderna explora o inverossímel. A intenção é nos fazer sonhar, confundir, iludir, distorcendo ou exagerando em verdades ou mesmo inventando quimeras. Vou contar um conto, uma estória.
Uma história tem fundamento mas uma estória pode ter ou não. Fazer sonhar não é proibido e é também recomendado, inclusive. Se quem escreve consegue com que o leitor se identifique com algum personagem já cumpriu a primeira meta; se conseguir com que esta meta seja de coisas úteis e e de formação de caráter digno para apenas uma só pessoa, muito bem; se os exemplos citados atinjam muita gente, ótimo; se o governo se interessa, se os acadêmicos lhe confiram premios literários, direi que as palavras não foram vão e elas entrarão para a história. . Assim aconteceu durante todo o caminho de nossa humanidade. Seja descrevendo os grandes feitos ou mesmo descrevendo quimeras e fatos comuns, os escritores, narradores e poetas apenas se sobressaíram quando enalteceram as virtudes. Sejam elas de grandes homens ou de pessoas do povo. É mais ou menos a finalidade deste conto.




UM LUGAR DE PAZ


Capítulo 0001

Era um final de tarde bastante comum. O inverno já iniciava para a pequena Recanto Bonito. Repetia-se um dia que era normal para aquela época do ano: já já a temperatura do ar amenizava, o sol iria embora mais cedo e até uma certa melancolia pairava no ar. Em verdade, esta melancolia era como um acompanhante deste final de tarde. Por sobre as árvores que ainda restavam no quintal da casa dos pais de Ehlisiann era possível vislumbrar um mar de quietude e bem-estar, nada que chamasse a atenção de quem quer que fosse.
Estava tudo bem, como sempre.
Nós sabemos que a natureza sempre é modificada quando existe uma grande aglomeração humana e urbana. E esta situação se repete desde os tempos imemoriais. Não estou aqui de forma alguma criticando a postura do homem em relação à natureza. É e sempre será assim. Mas nós humanos, jamais deixaremos de ser eternos amantes do que é natural e simples. Está no sangue, diríamos.
O dia-a-dia tranquilo de Recanto Bonito, própria de tantas localidades do interior, representava sempre uma fonte de inspiração, esta que faz a mente viajar para onde quer que alguém queira, sem impedimentos externos que mascarem o seu pensamento. Estes fatos banais caem na medida para as pessoas mais simples.
Mas nossos pensamentos são o que nos pode transformar em individualidades. Qualquer um que os tenha mais profundos e criativos e que estejam acima daquels acima das pessoas "normais", sempre estará divagando para bem longe do cotidiano e colocando seu espírito em um patamar elevado. Vou contar a história de uma pessoa assim.

Depois eu volto.












quinta-feira, 14 de maio de 2009

A DESCENTRALIZAÇÃO NECESSÁRIA.

A NECESSÁRIA DESCENTRALIZAÇÃO.

Este é um problema comum a muitos países. O Brasil é um deles.


a) A Alemanha - Um país descentralizado.

O nosso país é deveras centralizado? É. Pois bem, vamos tentar explicar, da maneira mais leiga possível, que é aquela que conhecemos, porque este gravíssimo defeito conjuntural brasileiro é uma causa importantíssima de nosso desenvolvimento "tartaruguesco". É um mal irremovível, pelo menos a médio e curto prazo.
Podemos citar apenas um país para comparar. A Alemanha, por exemplo, possui mais de 25.ooo municípios distribuídos em uma área equiparável ao R.G. do Sul. , sendo a terceira economia mundial. Lá a descentralização do comando político é acompanhada da descentralização financeira. A distribuição da renda nacional é diametralmente oposta daquela praticada no Brasil. Lá os impostos ficam assim: 10% para o país, 10% para os condados e 80% para os municípios, havendo cada um destes a obrigação de providenciar aos seus munícipes a educação total para todos os níveis, os transportes coletivos, o fornecimento de serviços públicos, etc. Os prefeitos da Alemanha não necessitam ir a Berlim, capital, buscar dinheiro. No máximo enviam relatório de suas realizações.


b) O caso brasileiro.

Em nosso país, a herança da cultura ibérica (Portugal e Espanha), ficou impreganada a idéia de que o governo (principalmento o federal), tudo pode dar: a saúde, o emprego, o transporte, a educação. Ora, em um país continental como o nosso, é simplesmente impossível. O nosso dia a dia, onde nascemos, vivemos, criamos nossos filhos, etc., não acontece dentro da nação ou dentro da província (estado). O município é o nosso lar social.
Se as prefeituras tivessem plenas condições financeiras para resolver seus problemas conjunturais e não fossem necessárias custosas viagens a Brasília, o crescimento de cada município alavancaria o crescimento do país. O fechamento mensal das contas públicas municipais é realizado deuma maneira muito difícil, porque a dependência das esferas estadual e federal é enorme. Por exemplo, a transferência da gestão plena da saúde da esfera federal para a esfera municipal, foi um verdadeiro "presente de grego". São mais encargos dentro da mesma verba disponível.

c) A solução vai demorar

Há solução? à medida que decorreremos anos e as décadas, paulatinamente as verbas serão melhor distribuídas, mesmo que seja "na marra". Mas é evidente que enquanto predominarem os interesses políticos dos presidentes, dos senadores, deputados federais e estaduais e os demais interessados em manter este país amordaçado a uma estrutura medieval, os prefeitos terão que viver de favores eleitoreiros de políticos que sempre estão conseguindo uma "verbinha"para uma obra qualquer. Como se fossem eles os salvadores da pátria.

Martim Afonso, em 14/05/2009.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O (ab) uso das coisas públicas


OBS: sempre que você se dispuser a ler esta matéria, existe uma sequência iniciada com o título acima, em dia anterior. (a,b,c). Obrigado.


c) A lei do bom senso - Os exemplos


Vejamos o caso do corpo de bombeiros de nossa cidade. Esta entidade, de âmbito estadual, está sempre sobrecarregada. Existe, a princípio, para atender as ocorrências de caráter público: incêndios, enchentes, desabamentos, desastres com veículos, etc. Em Imbituba, com distribuição urbana em toda a sua área, fica evidente que se torna bastante trabalhoso, oneroso e demoraddo o deslocamento de pessoas e equipamento de norte a sul. Por isso, assuntos "miúdos" não podem jamais ser alvos da ajuda de bombeiros. Eles fazem de tudo, mas tem um limite.
O uso de equipamento público (escola, repartição, intendência, posto de saúde) para uso particular, é proibido por lei; o uso de veículo público permite inclusive denúncia perante a lei.
Concluindo: o governo não pode e não deve, certamente dar a faca, o pão e o queijo. As sociedades, organizadas principalmente dentro dos municípios, devem compreender que a colaboração de todos fortalece sobremaneira a situação social, educacional, etc. etc. etc. Porque faliu o Império Romano? Concentração de todos os serviços na mão do governo, que dependia dos erscravos.
É de se pensar neste assunto. No mínimo para meditar.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O (ab) uso das coisas públicas

a) As obrigações públicas

As democracias são representadas por governos que têm muitas obrigações para como povo. Estas "facilidades" são definidas em constituição ou em leis pré-estabelecidas, que os governos já sabem de antemão, antes das legislaturas. Cabe aos governos suprir, da melhor maneira possível os serviços de saúde, educação, segurança pública e transportes, sempre quando ele for o responsável direto.
É evidente também que o governo existe para determinar, influir, organizar, legislar, comandar, orientar, criar e desfazer muitas outras atividades. Mas as já citadas são como obrigação principal, e estarão previstas em qualquer carta magna.
Por isso, não pode existir qualquer governo dentro do planeta que possa afirmar categóricamente: eu faço tudo. Mesmo em países com padrão de vida invejável, a maioria da população, educada para tal, está sempre disposta a contribuir para o bom andamento da coisa pública. Seria um procedimento usual. Espera-se que seja sempre assim.
b) O acúmulo de serviços públicos
Acontece em nosso país um fato interessante e pesaroso: a federação, os estados e as comunidades (municípios) são forçados a esforços governamentais para "poder dar conta de tudo" que lhe cabe. Só o que já definido em lei não é pouco.
Pois bem, em Imbituba há um reflexo direto desta situação. Na área da saúde, por exemplo: as ambulâncias transportam diariamente pessoas doentes para Florianópolis; por vezes, há um atendimento familiar; médicos e enfermeiras da Prefeitura são obrigados, pelas circustâncias, a atenderem em hospitais; os deficientes físicos e mentais, portadores de doenças graves e usuários de drogas são atendidos em casa; no setor de transporte, os enterros são ajudados pela cessão de ônibus; exister o passe escolar do idoso, do deficiente, etc.
Se enumerarmos todos os serviços que a Prefeitura se obriga a dispor, por conta da lei, concluiremos que há uma sobrecarga sobre a mesma. Infelizmente, é uma situação criada por conta de nossa mal organizada situação pública: jurídica, tributária e política. Mas há solução.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A má (péssima) distribuição de renda ou o (mau) serviço da imprensa

OBS: se você se dispuser a ler este artigo, que começou em dias anteriores, para melhor compreendê-lo haverá que seguir uma sequência: a, b, c, d, f, etc... Obrigado.


i) A democratização do dinheiro

A população brasileira que faz parte do mercado informal é grandiosa: mais de 20 milhoes de pessoas. Esta gente toda não paga imposto regularmente, ou pelo menos dentro
dos padrões da receita federal, porém não tem qualquer garantia do ponto de vista de manutenção de seu negócio. Seria ótimo dar a elas a oportunidade de possuir essa garantia e também de expansão e manutençãop do próprio. A oportunidade de trabalhar para si é um incentivo grandioso. É claro que o governo haveria que abrir mão de impostos nestas chamadas pequenas iniciativas.
É muito pouco, em medidas financeiras, o que esta gente precisa. O retorno para a adminstração pública é amplo.
O financiamento de pequenas quantias é uma solucão, e já executada em muitos países, que aumenta a capacidade de expansão dos pequenos empreendedores. A proleferação dos chamados "bancos do povo", sempre com o aval e financiamentos garantidos pelo Tesouro Nacional, será a arrancada da desfavelização econômica. Está comprovado: o pequeno financiador é o mais fiel cumpridor de seus compromissos.
j) A equação do trabalho/saúde/caos social
O trabalho individual ou do pequeno negócio é aquele que mais vai contribuir com a ocupação produtiva das pessoas. E essas mesmas pessoas são hoje as que não têm renda, mas engrossam permanentemente a fila dos hospitais, os transportes coletivos improdutivos, a marginalidade das ruas, a insegurança das residências, a necessidade sempre crescente do aumento dos efetivos policiais, etc. Cada vez mais o povo depende de uma mãozinha das bolsas governamentais.
A mídia, uma culpada pelos problemas sociais, por espalhar mais e mais, no meio da população a desgraça nacional, como se eles fossem os profetas do apocalipse, perderia um pouco de teor de reportagem. E sua capacidade de orientar a opinião pública seria orientada em outra direção. Tomara!
Um pouquino de dinheiro para cada um investir não significa distribuir renda, mas de aumentar a renda de quem quer trabalhar dentro da lei. É a maneira mais sensata, correta, direta e real, além de desenvolvimentista, de não deixar este os demais governos que hão de vir, cair em uma "sinuca de bico". Jã não há dinheiro para a saúde e segurança públicos. Quando não houver mais para os aposentados, o governo faliu.
É a minha opinião.
Martim Afonso.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A má (péssima) distribuição de renda ou O (mau) serviço da imprensa (Parte IV)

g) Os impostos como vilões

A diminuição e simplificação dos impostos, em qualquer atividade, é o primeiro passo que poderá propiciar alguma sobra de dinheiro daqueles que o possuem, se necessário for iniciar um novo negócio. É de conhecimento geral que as "sobras" em qualquer atividade comercial são irrisórias.
O mundo hodierno nos fornece exemplos inúmeros na busca do desenvolvimento e distribuição equitativa de renda. Os países melhores nestes ìtens (países nórdicos da Europa) alcançaram este patamar fornecendo a todos a oportunidade de trabalho. Não podemos também querer que o mesmo sistema da Suécia seja imediatamente aplicado na Índia. Impossível. As diferenças são abissais. Mas a longo prazo é possível, sim, amenizar a vida de uma grande parcela da população.
O segundo passo, e aí está a grande jugada, é permitir que os "pequenos" tenham condição plena de iniciar um novo negócio. Sabe-se que aqueles que chamamos de pobres são os que mais honram os seus compromissos. Ninguém "atrasa" a luz, o telefone ou a conta de água. É óbvio, porque a casa é o maior e único bem que a grande maioria das pessoas têm. Quando tem.
h) O sistema bancário especulativo
O sistema bancário atual é voltado muito mais para um modelo especulativo do que produtivo. A tomada de empréstimo pelo cidadão comum é burrice. Os juros são de grande monta e aumentam com o alongamento de prazos. Os bancos brasileiros têm lucros exorbitantes porque usam e abusam do poder financeiro para criar taxas. Empresdtam somente a grandes empresários e fazendeiros e aqueles que podem dar retorno imediato.
É claro que não é uma situação cem por cento. Os programas governamentais que procuram sanar este problema são em grande parte pouco abrangentes. É fácil de provar esta situação pela corrida para o Brasil realizda por bancos internacionais, que para cá vieram, compraram instituições brasileiras, se estabeleceram e me parece que ficarão por muito tempo. Tudo isto em busca dos altos juros que lhes dão lucros fantásticos.
Depois eu volto.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A má (péssima) distribuição de renda ou O (mau) serviço da imprensa (Parte III)

e) O direito à igualdade

Mas retornemos ao direito à igualdade. Onde está a grande falha, que conduz multidões a trabalharem sem maiores perspectiva ou muita esperança?
O que acontece em verdade é que a multidão assimila uma conformidade geral. Como se tudo caminhasse às mil maravilhas. Tenho uma grande certeza: a grande vilã do momento, para a realidade brasileira, é a nefasta distribuição de renda. É óbvio, "tá na cara": se todos (ou pelo menos a maior parcela da população) possuírem condições de transporte adequados, atendimento à saúde e acesso a boa educação, no mínimo o governo terá atenuado estes encargos. O noticiário radiofônico e televisivo será totalmente diferente.
Se compararmos a distribuição de renda de nosso país com outros, veremos que nossa situação é de topo da tabela, no sentido negativo. Não que não tenhamos uma boa renda per capita. Mas... Ministros, deputados, senadores, magistrados, etc... recebem como salário do erário público quantias que ultrapassam 60 (sessenta) vezes ou mais, se comparadas com aquelas de um trabalhador comum. Os grandes empresários, executivos e banqueiros estão em um patamar salarial comparável ou maior do que os pagos nos países ricos. Muitas vezes esta situação não é por mérito próprio. Resumindo: há poucos ganhando "horrores" à custa do governo e muitos apenas sobrevivendo. É necessária a adoção de medidas constantes contra os problemas já citados. Não há fórmula mágica que possa minorar o sofrimento de todos nos itens já relacionados: transporte, educação, saúde, segurança pública. A solução deve ser implantada paulatinamente.
f) O imposto grande demais e mal direcionado
O governo (federal) atualmente usa de um subterfúgio que minora parcialmente sofrimento daqueles pobres demais. É o sistema de bolsas: família, educação, vale emprego, vale gás, escola, cesta básica, vale transporte, etc. Mas este tipo de ajuda, modelo "estou dando o peixer e não ensinando a pescar", cria com certeza um descompasso perigoso, quando se tenta somar o desenvolvimento social ao material. Anotemos:
1) As pessoas acostumam-se a enxergar o estado como uma entidade benevolente, que tudo pode dar sem exigir qualquer coisa em troca, o que já uma idéia arraigada na população;
2) Os beneficiados são levados a um estágio letárgico e improdutivo;
3) O estada necessita dispor continuamente de um grande dispêndio financeiro;
4) Geralmente se faz necessário mais um acréscimo na taxa de imposto, estes que estão "sangrando" ao máximo a população economicamente ativa.
Isto é, o aumento da carga tributária torna-se então um vilão bem maior. Acontece que ele, o governo, pode estar aí matando a galinha dos ovos de ouro. Não é diminuindo a capacidade de investir do pequeno, médio e grande empresário, de alguns executivos e também daqueles que, por circunstâncias várias, amealharam algum dinheiro, que o governo vai fazer a distribuição de renda. É necessário criar mecanismos conjunturais, fiscais, econômicos e estruturais os quais permitam que muito mais pessoas, principalmente as de poucA ou de nenhuma renda, ingressem no mercado da produção. O mercado de trabalho será consequência.
Volto depois.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A má (péssima) distribuição de renda ou O (mau) serviço da imprensa Parte II

c) Um poder esquecido e que deve ser do bem

Existe um velho ditado que diz: notícia ruim "chama" outra notícia ruim. Os especialistas em poder do subconsciente afirmam que quanto mais se procura mostrar o mal, muito mais ele vai crescer. Não é apenas relatando diariamente na televisão as chacinas, que são em quantidades absurdas no país, mormente nos grandes centros, que haverá um combate eficaz contra isto; não é medindo os quilômetros de engarrafamentos que irão se resolver os problemas do transporte público e privado; não é fazendo plantão nos hospitais (e neste caso estamos enfrentando uma realidade assustadora e crescente em progressão geométrica), que se vai resolver o problema do atendimento público; não é denunciando as falcatruas e desmandos dos governantes do executivo, legislativo e judiciário que se irá impedir os problemas que aí persistem. Simplesmente porque para a realização de estatísticas já existem muitos organismos especializados.
No século passado (XX), os estudos sobre a mente humana confirmaram: ela funciona como um acumulador de tudo o que se passa à sua volta e aí me refiro àquilo que pode ser visto ou ouvido. Ela (nossa mente) são sabe discernir entre o bom e o ruim, porisso se você ao longo de um tempo por à disposição dela notícias ruins, entenderá que aquilo é necessário para você.

d) As escalas da grande culpa

Tenho certeza sim que a mídia brasileira tem grande culpa no estágio de memória da grande maioria dos que foram meninos e hoje são adultos ou adolescentes. Estes foram inundados (e continuam, sem dúvida) durante anos com uma mídia (rádio, jornal e televisão) que apenas se preocupou em aumentar o seu ibope, mesmo à custa da má formação das mentes. Na verdade ela cumpre bem o seu papel, que é ganhar dinheiro.
E digo mais: quanto maior o seu poder, mais culpa tem no cartório. A televisão que fica em primeiro lugar à custa da exploração da pouca cultura de grande parte da população deveria ser taxada, dominada, proibida pelo governo, isto é, censurada. É uma utopia, mas seria a atitude de um governo de pulso. As cenas, gestos, palavras, dramas, dramalhões, etc., etc., etc,. para não ser mais específico, apresentados em horários que são chamados de "nobres", fariam Al Capone e Madame Bovary corar de vergonha. E a maioral se intitula a televisão da família brasileira. Pelo amor de Deus! Arghhh!
Volto amanhã.

domingo, 3 de maio de 2009

A má (péssima) distribuição de renda ou O (mau) serviço da imprensa.

a) A sociedade e os direitos
Ao longo dos séculos, cada sociedade sempre considerou os seus membros, todos eles, da maneira mais diversa possível. Esta consideração, isto é, o tratamento,
principalmento o que aborda direitos, está presente em praticamente todos os países do mundo.
Estou me referindo aos direitos que abordam a igualdade, a legalidade e a fraternidade.
Porém, a evolução dos direitos do cidadão comum é notória nas últimas décadas. Qualquer polêmica que ousasse abordar este tema em meados do século XX, por exemplo, que é uma data bastante próxima em relação ao nosso passado, seria inadequada e não teria grande audiência. O tema somente era estudado, debatido, entendido por uns poucos sonhadores; uma legislação que tentasse mudar as diferenças sociais não seria aceita e nem aprovada em parlamentos.
Mas a evolução da própria sociedade como entidade aglutinadora do aperfeiçoamento humano, indica que as atitudes mudaram e estão mudando. O tempo, senhor da razão, administrou tudo e o tema é atualíssimo. O assunto é polêmico e é tema de debates acalorados. Diz respeito principalmente à situação econômica e social dos cidadãos de qualquer país.

b) O caso brasileiro e a imprensa

No Brasil, esta distribuição é particularmente cruel. Os malefícios advindos deste dilema são incontáveis. A concentração de renda nas mãos de poucos é que normalmente gera todos os problemas que são ouvidos e vistos e que a mídia não se cansa de colocar no noticiário do horário nobre: falta de transporte público, educação adequada, aposentadoria decente e principalmente atendimento adequado para a saúde pública.
Ora, vejamos como se comporta a imprensa, ao abordar estes problemas, principalmente a televisiva. Esta não se cansa de se fazer voz dos problemas que atordoam a maioria do povo brasileiro. Mas decididamente isto não é feito com interesse principal em dar ajuda direta para que o problema seja amenizado. Ela possui um interesse bem focado: a elevação do índice de ibope. Creio mesmo, com certeza absoluta, que por decisão própria, as pessoas mais esclarecidas não se prestam a escutar as verdadeiras lavagens cerebrais impregnadas de terror e miséria a que estamos sendo submetidos diuturnamente. Mesmo porque as reportagens a nós repassadas diariamente são um suceder de fatos e fotos de péssima formação moral. Estão centradas principalmente no sistema televisivo. Que Deus nos ajude!
Continua amanhã.