sábado, 11 de julho de 2009

O DESTINO DE EHLISIANN

UM DIA QUASE IGUAL AOS OUTROS



Capítulo 0007



Mas a vida continuava e decorreram dois dias. Ehlisiann, em casa, pensava no vendedor e na vida que ele provavelmente levava. Afinal, a cidade dele era diferente, muito diferente. As pessoas eram outras, as coisas, as situações e movimentos eram distintos. E foi com estas idéias em sua mente que ela dirigiu-se ao centro. Em sua pequena "cidade", esta denominação era dada ao conjunto de cinco ou seis ruas, umas cinquenta casas e que distavam cerca de 2km do sítio dos Dhaller de Cordeiro. Para chegar lá, ela atrelava o cavalo na "aranha" ou ia a pé.

Isto era para ela uma alegria. Tinha todo o tempo do mundo e sair da rotina era muito bom. Chegou por volta das dez horas.

- Olá, seu Marquinhos!

O seu Marquinhos era o proprietário da única mercearia de Recanto das Almas. Pessoa muito "dada", como todo bom comerciante. Estabelecera-se em Recanto das Almas havia alguns anos, vindo com uma pequena experiência de comércio na capital. Na verdade, era uma situação que seu médico havia recomendado, para aliviar o estresse de uma vida muito corrida. E assim ele tocava tranquilamente seu negócio. Ora, em um lugar no qual a maioria das pessoas era de uma honestidade a toda prova, tudo andava bem. Era um homem bem humorado e confindente de notícias caseiras.

- Tudo bem, Ehlisiann, respondeu ele.

- Seu Marquinhos, hoje eu vim de aranha, porque a mãe encomendou algumas coisas. O senhor pode marcar no caderno, que no fim do mês ela acerta tudo. Tá bom?

- Sem problema algum, respondeu ele.

Recolheu as mercadorias, despediu-se e saiu conduzindo a aranha. Seguiu na direção rua acima, aonde ficavam a farmácia e a igreja. Foi então que notou, estacionado em frente da farmácia, um carro com placa "de fora". Na verdade, era da capital. Parou a aranha e ficou observando por um momento. E quem se aproximou do carro logo a seguir era ele, o vendedor que estivera em sua casa. Ao passar ao lado do veiculo, ele a cumprimentou:
-Bom dia, senhorita!
Para ela naturalmente, foi uma pequena surpresa. Em um lugar tão pequeno, receber um cumprimento de uma pessoas estranha não era comum. Mas ela notou que ele a havia reconhecido de seu primeiro contato. Ou então assim pensava.
- Bom dia, moço. Como vão os negócios?
- Pois olha, estou até surpreso aqui em Recanto das Almas. As pessoas são acolhedoras e é possível vender minhas utilidades. Aliás, é até possível que eu tenha de voltar. Estou te reconhecendo, és a garota que mora naquela fazenda, onde estive há dois dias, certo? Me perdoa se esqueci do teu nome. O meu é Alberto Morais de Gianni, mais todos me chamam de Morais.
A conversa dele tinha sido direta.
Ela então não se fez de rogada. Foi dizendo: Ehlisiann Dhaller de Cordeiro, me tratam por Lisa. Era da parte dela, um morador daquele lugar, uma atitude ousada o fato de manter este diálogo com um estranho.
- O senhor vai voltar para a cidade hoje?, perguntou.
- O dever me chama, disse ele. Mas qualquer dia eu volto.
- Então, tchau, disse ela, tocando a aranha. Até mais ver.
- Tchau, disse ele. Tudo de bom prá ti.
E ela tomou o caminho da fazenda. Este não tinha sido, para ela, decididamente, um dia igual aos outros.

Depois eu volto.

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